Eu sou uma noveleira convicta, daquelas com carteirinha de membro de presidente do fã clube. Acontece que meu hobby possui uma pequena peculiaridade, sou noveleira mas gosto das novelas antigas. Faz muitos anos que não assisto simultaneamente uma novela que está passando na televisão – a não ser que ela esteja reprisando. Enquanto algumas pessoas anseiam pelas novelas novas, eu fico ansiosa pra saber qual será a próxima a passar no canal Viva. E como sei que algumas Pechinchers, compartilham desse mesmo hobby, separei 4 das minhas favoritas e que estão disponíveis no Globoplay.
Novela que foi exibida em 1989 e foi um super sucesso. Como nasci em 1990, nessa época não era nem nascida e mesmo quando reprisou não assisti. Só que acabei vendo algumas cenas no Viva e fiquei interessada. Já estou no capítulo 59 e até agora consegui evitar os spoilers. A história gira em torno de Sassá Mutema, que trabalha como jardineiro na fazenda da ambiciosa família Blanco. Pra evitar um escândalo na sua candidatura política, Severo Blanco convence Sassá a casar com sua amante, pra que ele possa seguir com a vida dupla, sem levantar suspeitas. Enquanto isso, o radialista da pequena cidade onde acontece a trama, está em pé de guerra com Severo, pois ele ameaça expor a sua situação. É só o início de uma história que dá várias reviravoltas e que muda completamente a vida de Sassá, enquanto ele na verdade só pensa em uma coisa: no amor que sente pela sua professora recém chegada.
Essa é mais recente, de 1997 e inclusive lembro de assistir alguns capítulos junto com a minha mãe. Já reprisou mil vezes e já assisti mil vezes. Isso porque essa novela tem muitas camadas, complexa, cheia de drama como uma boa novela de Manoel Carlos e que aborda várias questões familiares. Sempre que assisto, não consigo não me chocar em como a sociedade normalizava comportamentos bizarros daquela época, e eu sinceramente acho importante que tenhamos essa noção, justamente pra que não seja tolerável quando eles insistem em voltar a acontecer. Pra quem ainda tá por fora da história, aqui temos Helena e Eduarda mãe e filha que tem uma relação super próxima. Depois do casamento de Eduarda, Helena logo se apaixona e casa-se também. Por um acaso do destino, ambas engravidam na mesma época e resolvem ter o bebê juntas (claro que até chegar nesse ponto, muita água se passa embaixo daquela ponte), mas após algumas complicações no parto, Eduarda não poderá mais ter filhos e seu bebê acaba tendo um mal súbito. Helena então, convence o médico a trocar o seu bebê saudável, pelo de Eduarda.
Gente, aí de vocês se me xingarem caso considerem isso um spoiler, porque é simplesmente o mote principal da trama e todo mundo sabe disso kkkkk. Na época da novela, a internet estava recém nascendo mas chegaram a fazer um site Eu odeio a Eduarda, tamanho o incômodo das pessoas com a personagem. O que beira o absurdo, afinal o incômodo deveria ser com todos os outros, principalmente com Marcelo, seu marido. Aliás, sobre isso, leiam esse texto maravilhoso com uma análise impecável do site Valkírias sobre a personagem Eduarda. Concordo absolutamente com tudo.
Chegou semana passada na Globoplay mas já está aqui pois, estou viciada. Quando vi que era uma novela de 1982 e com a Eva Wilma ainda por cima, logo fui tratar de ver e agora qualquer oportunidade que tenho, coloco um capítulo. São 7 amigas da época da escola que se reencontram depois de 20 anos. Rola aquela felicidade de se ver novamente e relembrar bons momentos, porém cada uma delas possui segredos íntimos que vão sendo ameaçados por esse reencontro. O mistério principal, é que uma delas perdeu o irmão quando elas eram adolescentes e ela acredita que o acidente na verdade foi um assassinato, e que uma das suas amigas é a culpada. Fora essa trama que estou achando maravilhosa, como não ficar obcecada pela estética dos anos 80? O figurino, os penteados, as decorações das casas… amo!
Deixei para o final, a minha favorita de todas, Vale Tudo! Uma grande amiga minha passou anos me falando dessa novela, até que resolvi dar uma chance e assistir, afinal é nela que mora a maior vilã de todos os tempos da teledramaturgia: Odete Roitmann. Eu amo histórias sem vilões e mocinhos, em que os personagens são simplesmente humanos, erram e acertam. Aqui temos Maria de Fátima que vive em uma família humilde mas que sonha em “vencer na vida” custe o que custar. É uma novela de 1988 e as pessoas usavam muito esse termo. Sua mãe Raquel acha que só é justo vencer se for batalhando e vivendo de forma honesta. As duas seguem caminhos diferentes seguindo aquilo que acreditam, embora eles se cruzem em diversos momentos (momentos esses, sempre cheios de atrito). Essa novela faz um retrato muito fiel do que era o Brasil na década de 80, e em algumas ocasiões serve quase como uma aula de história. De todas, é a que mais indico, é imperdível.
Como não amar uma novela antiga, hein?
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